Todos os anos, entre os milhões de turistas que visitam a capital francesa, alguns vivem uma experiência frustrante e desagradável. Eles sofrem uma espécie de transtorno chamado Síndrome de Paris, que pode gerar aumento de batimentos cardíacos, ataques de pânico, alucinações, comportamento agressivo e até mesmo sensação de perseguição.
Por mais incrível que pareça, essa síndrome é real e foi diagnosticada por psiquiatras primeiro em pequenos grupos de turistas japoneses. Ela tem origem em um choque cultural: a distorção entre o que os turistas esperam encontrar em Paris pelas propagandas e pelas redes sociais e o que se deparam de verdade quando chegam lá. Quando descobrem que, embora a cidade das luzes seja maravilhosa, ela tem ruas muitos sujas, ratos, mendigos, pessoas pobres sem teto, esses turistas sentem um impacto muito profundo, a ponto de alguns precisarem de atendimento em hospitais.
A Síndrome de Paris é uma amostra da nossa idealização pelo lugar perfeito, que muitas vezes se repete em outras dimensões da nossa vida – os relacionamentos amorosos perfeitos, o emprego perfeito, a família perfeita. Eles existem apenas nas propagandas e – claro – no Instagram; ou seja, não existem na vida real.
Se o lugar onde não estamos é o perfeito, mas só porque ainda não o conhecemos – a velha ideia da grama mais verde do vizinho –, o inverso muitas vezes é verdadeiro também. Não estamos satisfeitos com o que temos, com o que somos e onde estamos.
Recentemente, uma pesquisa do Atlas das Juventudes com a FGV mostrou que 47% dos jovens brasileiros querem sair do país e veem melhores oportunidades em morar no exterior, em especial na América do Norte e Europa. Já na Europa, 72% dos jovens franceses de 18 a 24 anos querem sair do país (40,4% porque enxergam melhores oportunidades em outros países, segundo reportagem da MondAssur). Nos Estados Unidos, 40% das mulheres com menos de 30 anos gostariam de viver em outro país (pesquisa Gallup). Na Rússia, 44% dos jovens de 15 a 29 anos gostariam de deixar o país (pesquisa Gallup, em reportagem do The Washington Post). Em Hong Kong, 60% dos jovens de 15 a 30 anos deixariam a cidade se pudessem (Business Insider). Nos países árabes, 42% dos jovens com menos de 24 anos (Al Jazeera) querem viver no Exterior.
Uma das formas de apreciarmos a beleza da vida pode ser justamente encontrar valor e realização em vivê-la como ela é, e não pensar sempre em como gostaríamos que ela fosse. Talvez o lugar não seja tão importante assim, desde que a gente se sinta bem por dentro.
Desejo uma semana de muitas conquistas, esteja você onde estiver no mundo! 💜
PS: Ah, este mês teremos dois lançamentos INCRÍVEIS para quem leva uma vida criativa, vou falar sobre eles na próxima semana. O livro do Tiago, do Tira do Papel, e o Como ser tudo, um livro sobre multipotencialidade (um dos preferidos meu e da Rafa Cappai sobre o tema). Enquanto não está à venda, compartilho aqui com você o TED da autora. 😊
#SegundaDaCriatividade #BomDia #BelasLetras
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